Fundo DI volta a ser destaque com Selic no patamar de dois dígitos

São Paulo, 28/11/2013 – Os fundos Referenciados DI estão, aos poucos, retomando posição de destaque nas gestoras. Depois de serem deixados de lado no ano passado, diante de um cenário de afrouxamento monetário, essas carteiras voltaram a captar no mercado e devem crescer com o retorno da taxa básica de juros (Selic) ao patamar de dois dígitos. Ao seu lado, os fundos Renda Fixa pré-fixados, que possuem um risco um pouco maior e interessados em investimentos no longo prazo, também podem ser uma boa escolha entre os investidores, principalmente para aqueles mais acostumados ao risco.

Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais

(Anbima), os fundos DI estão com captação líquida de R$ 21,1 bilhões no ano, até o dia 22 de novembro. Já os fundos de Renda Fixa apresentam no mesmo período uma saída líquida de R$ 20,3 bilhões.

O Gerente Executivo de Fundos Renda Fixa da BB DTVM, André Abreu, explica que os fundos DI são os mais indicados para um momento de ciclo de alta dos juros, principalmente quando existe uma incerteza em relação aos movimentos futuros. “Ninguém no mercado tem absoluta convicção de quais seriam os próximos passos do Copom (Comitê de Política Monetária) e de qual seria a magnitude de altas nas próximas reunião. Os fundos DI, que estavam como patinhos feios no ano passado, quando as taxas fecharam muito, agora, principalmente nos últimos seis meses, voltaram a ser lembrados como opção”, disse.

A rentabilidade dos fundos DI varia de acordo com a taxa Selic. É a aplicação com menor risco entre os fundos de investimento e tem em suas carteiras títulos públicos pós-fixados, ou seja, cujo rendimento será definido no dia do resgate. “Se o investidor olha e vê que a taxa futura já está precificando 12%, mas acredita que está exagerado, pode ser um bom momento de voltar aos fundos pré-fixados e não mais o DI”, disse Abreu.

 

O vice-presidente da Mapfre Investimentos, Elíseo Viciana, também destaca a remuneração mais competitiva dos fundos de renda fixa, com destaque para os fundos DI. “Essa é a categoria mais acertada imediatamente. Com a queda dos juros eles estavam mais esquecidos, mas com os juros retornando a dois dígitos eles já começa a ficar em um patamar de remuneração compatível com aplicações mais agressivas”, disse. Viciana explicou que no momento em que os juros estavam em pleno ciclo de queda, chegando à mínima histórica de 7,25% ao ano, os fundos DI acabaram sendo utilizados apenas por clientes mais conservadores, em especial pessoas jurídicas que passaram a utilizar essa modalidade como forma de aplicação do caixa. “Agora estamos vendo a migração de clientes mais conservadores, pessoas físicas, pequenas e médias empresas e institucionais”, disse.

Taxas de Administração

Para Viciana, da Mapfre, apesar do ciclo de aperto monetário, as taxas de administração dos fundos não devem voltar a subir. “Aumentou a conscientização do investidor, que consegue comparar melhor”, lembrou, destacando que os tíquetes de entrada nos fundos também estão hoje mais baixos. “Antigamente, antes do ciclo de baixa da Selic, para você ter um fundo de varejo DI de 1% no mercado não se conseguia por menos de R$ 100 mil, R$ 250 mil”, disse. Viciana destaca que esses são fundos commodities, com pouca sofisticação, que precisam de taxas baixas para serem atrativos.

Para o cliente de varejo, a média das taxas de administração do fundo referenciado DI, em setembro, segundo dados da Anbima estava em 1,21% e o de Renda Fixa em 1,05%. Em janeiro, o DI estava em 1,26% e o Renda Fixa em 1,09%.

O professor do Ibmec, Eduardo Coutinho, destaca o aumento da rentabilidade dos fundos DI, mas afirma que o investidor ainda precisa ficar atento para as taxas de administração. Segundo ele, as taxas para prazos maiores de seis meses têm que estar abaixo de 1%, para ainda trazerem ganhos aos investidor. O professor lembra que esses fundos continuam, nesse momento, vivendo uma concorrência acirrada com os títulos do Tesouro Direto.

Volatilidade

O superintendente nacional de Gestão de Ativos de Terceiros da Caixa, Marcelo de Jesus, disse que nos momentos de maior volatilidade o investidor já busca produtos mais conservadores, como os DI e Renda Fixa. No entanto, ele lembra que tanto os papéis indexados à inflação quando os pré-fixados apresentam, no longo prazo, um prêmio interessante. “O mercado está precificando mais altas da Selic nos pré-fixados e aquele investidor que tiver uma tolerância ao risco e suportar essa volatilidade no curto prazo poderá capturar no longo prazo um prêmio bastante interessante”, disse. A Caixa possui hoje aproximadamente R$ 160 bilhões sob gestão.

Para alguns fundos, a volatilidade pode significar oportunidades, destaca o sócio da Bogari Capital, Érico Argolo. A gestora independente, que tem R$ 550 milhões sob gestão, tem foco exclusivo em ações em long-only, que são investimentos em ações de empresas com histórico de bons resultados e perspectiva de crescimento.

O sócio e consultor de investimentos da Aditus Consultoria, Leonardo Bortoloto, acredita que o cenário ainda não é propício para a tomada de riscos. “Acho que ainda não é o momento, ninguém sabe onde esse ciclo vai parar. Se olhar a curva precificada de juros tem um grande aumento após eleição de 2014”, disse.

Para o especialista, olhar para os fundos pré-fixados nesse momento pode ser arriscado para o investidor. “O que está precificando hoje 12,5% pode no início do ano precificar 13%, 13,5%. E aí, de novo, o investidor vai perder dinheiro”, concluiu. (Fernanda Guimarães –

fernanda.guimaraes@estadao.com)

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