FONTE : Priscila Yasbek de Exame.com
São Paulo – O Ibovespa, principal índice de referência da Bolsa, teve o melhor rendimento do balanço de investimentos de julho, com alta de 5,00%.
Em seguida, os melhores desempenhos do mês foram registrados por fundos de investimentos em ações.
Dentre as aplicações de renda fixa, que são mais conservadoras, o investimento mais rentável foi a Nota do Tesouro Nacional série F (NTN-f), título do Tesouro Direto cuja remuneração é definida no início da aplicação.
Renda fixa
Com alta de 2,04% no mês, as NTN-Fs com vencimento em 2025 tiveram a melhor rentabilidade da renda fixa.
Conforme explica o administrador de carteira de valores mobiliários Fabio Colombo, a alta desses títulos prefixados pode ser explicada pela expectativa de queda dos juros básicos da economia, que foi bastante aventada ao longo do mês.
“Com a economia fraca, o mercado começou a aventar a possibilidade de redução dos juros, mas no final do mês o Banco Central deu a entender que não faria isso e a curva de juros voltou a acelerar, mas não o suficiente para reverter a alta que esses títulos tiveram no mês”, diz Colombo.
Como a NTN-F paga uma taxa de juro já definida no momento da aplicação, quando existe a expectativa de que a Selic pode cair, os títulos comprados anteriormente ficam mais vantajosos, uma vez que a redução da taxa básica pode levar novos títulos a oferecerem taxas de juros menores.
Como esses títulos prefixados já vendidos ficam mais atrativos, a maior procura por esses papéis no mercado eleva sua rentabilidade no mês.
Mas, vale lembrar que esse resultado, de +2,04%, vale apenas para quem comprou e vendeu o título no espaço de um mês. Os investidores que compram o papel com o objetivo de carregá-lo até o vencimento receberão exatamente os juros que são acordados na compra.
As Letras do Tesouro Nacional (LTNs) tiveram o segundo melhor resultado na renda fixa, com alta de 1,24% no mês. Como também são títulos públicos prefixados, a valorização pode ser explicada pelas mesmas razões da NTN-F.
A caderneta de poupança, o investimento mais popular do Brasil, teve um dos piores rendimentos não só na comparação entre aplicações de renda fixa, mas no balanço em geral.
Com a Selic aos 11%, outras aplicações que acompanham a alta da taxa ficam mais vantajosas, enquanto a poupança perde a vantagem porque seu rendimento deixa de ser atrelado aos juros básicos depois que eles passam dos 8,5% ao ano.
Dentre os títulos mostrados na tabela, estão disponíveis para compra: NTN-B Principal (15/05/2035), NTN-B (15/05/2035), NTN-B (15/08/2050), LFT (07/03/2017), LTN (01/01/2018).
Renda variável
O Ibovespa teve o melhor rendimento do mês dentre os investimentos de renda variável, que possuem resultados mais imprevisíveis, com alta de 5,00%.
Para Colombo, a valorização é resultado dos efeitos das pesquisas eleitorais. “Com a oposição tendo chance maior de vitória o mercado vê maior possibilidade de mudanças na política econômica e isso tem animado a Bolsa. A Petrobras e a Vale, por exemplo, tiveram altas acima do índice pois espera-se que os preços dos combustíveis sejam reajustados no futuro, caso a oposição seja eleita”, diz.
Ele acrescenta que a alta poderia ter sido ainda maior, mas com as notícias de crescimento do PIB americano, divulgadas no fim do mês, e a consequente perspectiva de aumento dos juros nos Estados Unidos, bolsas do mundo inteiro sofreram quedas.
Isso ocorre porque, com melhores perspectivas no mercado americano, investidores de todo o mundo tendem a direcionar seus recursos ao país, reduzindo posições em outros mercados e assim provocando a onda de quedas.
Outro destaque do balanço foram os fundos de investimentos que aplicam em ações, como os fundos de dividendos, fundos Ibovespa ativo e fundos de ações livre. Os três investimento se valorizaram na esteira da alta da Bolsa.
Cuidados
É importante ressaltar que a análise dos resultados dos investimentos no intervalo de um mês não é suficiente para que seja feita uma decisão consciente sobre qual aplicação escolher.
O balanço pode ser uma boa medida para acompanhar o andamento dos investimentos de forma sistemática, mas não deve ser o único parâmetro de avaliação do investidor.
Conforme brinca o professor William Eid, da Fundação Getúlio Vargas, investir olhando no retrovisor é fácil, mas pode ser uma estratégia furada, afinal, como diz um dos principais lemas das finanças pessoais: rendimento passado não é garantia de retorno futuro.
“É muito fácil mandar uma ordem de compra para o corretor observando os investimentos que mais renderam no mês, mas não adianta nada fazer isso”, diz Eid.
Para ele, o investidor deve pensar no longo prazo, sobretudo se quiser aplicar na Bolsa.
“Quem já está na Bolsa deve ficar e quem quer entrar deve olhar no longo prazo. A Bolsa está com uma volatilidade impressionante e temos turbulência pela frente. Além das eleições, temos previsões pessimistas sobre o PIB. Um investimento não pode ser olhado mês a mês, tanto faz se subiu ou desceu em um prazo curto, quem investe deve ter visão longo prazo”, diz o professor.